“Quero ser lembrado como o sanfoneiro que amou e cantou muito seu povo, o sertão; que cantou as aves, os animais, os padres, os cangaceiros, os retirantes, os valentes, os covardes, o amor. Este sanfoneiro viveu feliz por ver o seu nome reconhecido por outros poetas, Quero ser lembrado como o sanfoneiro que cantou muito o seu povo, que foi honesto, que criou filhos, que amou a vida, deixando um exemplo de trabalho, de paz e amor". Luiz Luz Gonzaga " Gonzagão"
sábado, 30 de julho de 2011
Há 20 anos, Brasil perdia Gonzaguinha
Há 20 anos, Brasil perdia Gonzaguinha
Músico é filho do também cantor e compositor Luiz Gonzaga – o célebre “Rei do Baião”, cujo centenário de nascimento será comemorado em 2012
Em 29 de março completam-se duas décadas da morte de um dos compositores mais politizados da MPB: Luiz Gonzaga do Nascimento Junior, o Gonzaguinha, teria hoje 66 anos. O músico, que se casou com uma mineira e passou os últimos anos morando na Pampulha, em Belo Horizonte, morreu em acidente de carro a caminho de Foz do Iguaçu, no Paraná.
“Uma médica ligou aqui para casa, pela manhã, para avisar sobre a morte dele, e daí aconteceu a loucura da minha vida. Meu mundo caiu, literalmente” – registra Louise Margaret Martins, a “Lelete”, lembrando-se do dia fatídico. “Um dia antes, ele ligou para perguntar o que eu queria de Foz. Eu disse que queria perfume, pistache, fiz uma lista”. A viúva acrescenta que o acidente foi provocado por um caminhão que vinha na contramão e atingiu o veículo dirigido pelo artista. No carro estavam mais duas pessoas, que trabalhavam com Gonzaguinha, e sobreviveram.
“Ele faz muita falta, não só para nossa família, mas para o mundo inteiro. Gonzaguinha batalhava pelo social e tinha uma força política grande”, lamenta Lelete, mãe da filha do músico, Mariana, que na época do acidente tinha oito anos e hoje é farmacêutica.
Gonzaguinha, filho do também cantor e compositor Luiz Gonzaga – o célebre “Rei do Baião”, cujo centenário de nascimento será comemorado em 2012 – e da cantora Odalea Guedes dos Santos, ambos também falecidos, não tem substituto quando são considerados seu estilo musical e a explícita força política.
Após a morte da mãe, também aos 46 anos, vítima de tuberculose, Gonzaguinha, então com dois anos, passou a ser criado pelos padrinhos Xavier, o “Baiano do Violão”, e Dina – a mesma Dina que Gonzaguinha canta na composição “Com a Perna no Mundo” (“Ô Dina/Teu menino desceu o São Carlos/Pegou um sonho e partiu”).
Lelete ainda vive na casa em que passou os últimos anos com o marido. O imóvel é verdadeiro templo com singelas marcas deixadas pelo músico em vários cômodos.
O principal espaço é o escritório do compositor – parece intocado há 20 anos. Estão lá os discos de vinil perfeitamente organizados, lembranças de viagens, livros como “O Capital”, de Karl Marx – a semente “comuna” que marca a trajetória do músico.
Na estante, emoldurado, mas amarelado pelo tempo, descansa o diploma de economista – profissão que ele nunca exerceu – pela Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas do Rio de Janeiro.
Quem se lembra bem da vida de Gonzaguinha em Belo Horizonte é o compositor e poeta Fernando Brant. “Saíamos para passear com os meninos em parques. Toda quarta-feira, a gente jogava bola na Cachoeirinha”, recorda-se Brant, que o conheceu o compositor na época dos festivais de música no Rio de Janeiro, no final dos anos 1960, quando ficaram amigos.
“Em suas primeiras vindas para Belo Horizonte ele ficava aqui em casa, mas depois alugou um imóvel no Sion; em seguida, foi para a Pampulha”, diz Brant.
O compositor mineiro não chegou a ser parceiro musical de Gonzaguinha. Ele acredita que a inexistência de uma canção feita a quatro mãos se deva a algum tipo de “sutileza” de Gonzaguinha, que talvez não quisesse que Brant ficasse em situação complicada com seus parceiros tradicionais. “Ele gravou apenas a minha parte na música “O Que Foi Feito de Vera” (“O que foi feito amigo/ De tudo que a gente sonhou/ O que foi feito da vida/ O que foi feito do amor”), o que considera uma homenagem. A composição é fruto da parceria de Brant com Milton Nascimento e Márcio Borges.
Vinte anos depois, Fernando Brant guarda essas e outras boas lembranças do velho amigo, mas também de outros tantos que também eram ídolos brasileiros, caso de Elis Regina. “Gonzaguinha e Elis são minhas duas grandes perdas da MPB”, registra ele, que tem como solução, para amenizar a saudade e continuar vivendo, estar sempre “arrumando outros grandes amigos”.
No escritório que foi do compositor Gonzaguinha, na casa em que morou na Pampulha, o que não falta são lembranças do pai, Luiz Gonzaga. Fotos junto do pai e chapéus de vaqueiro em couro, como usava o “Rei do Baião”, também estão expostos. Em 2012 – centenário de nascimento de Gonzagão – está previsto o lançamento do filme “Gonzagas”, retratando a relação entre os dois nomes da música nacional. A direção é de Breno Silveira (o mesmo do filme “Dois Filhos de Francisco”).
“Esse daqui ele mandou fazer para mim”. Experimentando um dos chapéus tipicamente nordestinos, a viúva de Gonzaguinha, Louise Margaret Martins, a Lelete, exibe o exemplar em couro claro, com detalhes bem femininos em dourado e uma dedicatória para a nora.
“Meu sogro vinha muito aqui em casa. Ele veio para fazer uma cirurgia de catarata, para tratar de osteoporose” em 1987 e 1988. “Ele era um homem que vivia na rua. Eu tinha que fazer com que ele ficasse em casa para se tratar. Eu ficava louca”, conta rindo.
Lelete diz ainda que depois da cirurgia, Luiz Gonzaga, com quase 80 anos, “virou criança” de novo. “Ele virou para mim e disse: minha nora, você é muito mais bonita do que imaginava. Ele já estava um tempão sem enxergar”. E virou-se para o filho, emendando: “Meu filho, você, que é o poeta da casa, se tiver um problema desses, faça essa cirurgia. É um turbilhão de cores”, disse Gonzagão, que morreu um ano depois.
No mesmo escritório, uma das lembranças que não agradavam muito ao velho músico é a foto da mãe de Gonzaguinha, Odalea Guedes. “Eita mulher independente!”, lembra Lelete, sobre um dos comentários machistas do sogro. “Acredito que ele guardou alguma mágoa com a morte dela. Ele era um nordestino tradicional e ela uma mulher que morava no Rio e que trabalhava”.
Mariana Gonzaga tinha menos de dez anos quando o avô e o pai morreram, mas se lembra bem da convivência com ambos. “Meu pai não brigava, ele conversava”.
Ela guarda com carinho as lições vindas de conversas longas que tinha com ele, explicando o que convém e o que não convém nesta na vida.
Mariana é tema de uma das músicas de Luiz Gonzaga. “Eu vou pra ver Mariana,/ Mariana sorrir e dançar/ Mariana brincando na vida,/ tô correndo pra lá/ E vou levando a sanfona, mode a gente cantar/Ei, garota, pirritota,/ Mariana, Mariana/ Chegue aqui minha bichinha, chegue mais amor/ Dê um cheiro bem cheiroso aqui no seu vovô”.
“Pirritota” é um tratamento carinhoso usado no nordeste para chamar menina. Mariana registra que um dos entretenimentos do avô, quando estava em casa para os tratamentos em Belo Horizonte, era tocar sanfona para ela “durante horas” – “Ele chegava cantando essa música já na porta daqui de casa”, diz Mariana.
Além de Mariana, Gonzaguinha teve mais quatro filhos: Daniel Gonzaga, que é cantor, Fernanda e uma filha com a atriz Sandra Pêra, a também atriz Amora Pêra.
Lelete diz que todos os filhos sempre se reúnem em Belo Horizonte, com exceção de Sandro, que morreu em 2010. Por meio de sua produção, Daniel Gonzaga informou que está negociando, para esse ano, um show em Belo Horizonte, em homenagem ao pai Gonzaguinha.
No dia 5 de maio, no Teatro Gonzaguinha, Rio de Janeiro, e no dia 28 do mesmo mês, no Teatro do Sesc de Brasilia, Daniel Gonzaga fará dois shows para lembrar os 20 anos sem o pai.
Clara Becker celebra os Gonzaga
No clima de reviver a memória de Gonzaguinha e Gonzagão, a cantora Clara Becker, em seu segundo álbum, “Dois Maior de Grande” (Vila Pirutinga Cultura), homenageia filho e pai. Clara montou o show de mesmo nome, com 19 canções, e gravou DVD já nas lojas. A cantora diz que os dois artistas têm em comum a “brasilidade”.
“Gonzagão é um dos inventores da música popular brasileira. Quanto a Gonzaguinha, Clara o aponta como um grande compositor, mas com “levada maior para o Sudeste do Brasil”.
O resultado do DVD é a performance na qual é possível acompanhar o diálogo entre as obras dos dois artistas. “Não conheci os dois músicos, apenas por meio da música. Aliás, cheguei até a música do pai pela obra do filho”.
Clara Becker lembra-se bem de quando Gonzaguinha “resgatou” o “Rei do Baião” de uma espécie de “exílio musical”. Para celebrar esse encontro musical, a dupla gravou “A Vida do Viajante” em 1979.
Quando surgiu a oportunidade de gravar o DVD, a cantora escolheu o Teatro Coliseu, em Santos. O teatro, conta Clara, tem uma sala em homenagem à mãe, a atriz Cassilda Becker. “São as coincidências do destino”.
O DVD tem três extras. No primeiro, Clara fala de sua trajetória e da importância do Teatro. O segundo, “Questão de Fé”, é um videoclipe gravado no apartamento onde viveu com a mãe Cacilda Becker.
Do terceiro, “Lindo Lago do Amor”, participa Daniel Gonzaga, da terceira geração de músicos dos Gonzaga. “Fiquei muito próxima do Daniel. Quando fiquei sabendo que a filha dele se chamaria Clara, não acreditei, o nome havia sido escolhido antes de nos conhecermos. Foi espécie de aval do destino para que essa etapa do trabalho saísse do papel”.
fonte:http://www.almanaquealagoas.com.br/noticias/?vCod=1540
20 years ago, Brazil lost Gonzales
Musician's son is also a singer and songwriter Luiz Gonzaga - the famous "King of the Bay", whose centenary will be celebrated in 2012
On March 29 to complete two decades of the death of one of the most politicized of Brazilian popular music composers: Luiz Gonzaga do Nascimento Junior, Gonzales would now have 66 years. The musician, who married a mining and spent the last year living in Pampulha, Belo Horizonte, died in a car accident on the way to Foz do Iguacu, Parana.
"A doctor called home here in the morning to tell about his death, and then came the madness of my life. My world fell apart, literally "- Margaret Louise Martins records, the" Leleti ", remembering the fateful day. "The day before, he called to ask what I wanted I said I wanted Foz perfume, pistachio, made a list." The widow added that the accident was caused by a truck coming in the opposite direction and struck the vehicle driven by the artist. In the car were two people who worked with Gonzales, and survived.
"He is greatly missed, not only for our family but for the whole world. Gonzales battle for socialism and had a great political force, "laments Leleti, daughter of the musician's mother, Mariana, who at the time of the accident was eight years old and today is a pharmacist.
Gonzales, the son of fellow singer-songwriter Luiz Gonzaga - the famous "King of the Bay", whose centenary will be celebrated in 2012 - and the singer Odalis Guedes dos Santos, both also deceased, has no substitute when considering his musical style and explicit political force.
After her mother's death, also aged 46, victim of tuberculosis, Gonzales, then two years old, came to be created by the godfather Xavier, "Baiano's Guitar", and Dina - Dina the same Gonzales who sings the song "With Leg in the World "(" Hey Dina / Your boy went down the St. Charles / Got a dream and left ").
Leleti still lives in the house where he spent the last years with her husband. The property is true temple with simple marks left by the musician in several rooms.
The main space is the office of the composer - seems untouched for 20 years. They are there vinyl records perfectly organized, travel souvenirs, books like "The Capital" by Karl Marx - the seed "community" that marks the path of the musician.
On the shelf, framed, yellowed by time but, rest the diploma of economist - profession he never practiced - the Faculty of Political Science and Economics of Rio de Janeiro.
Who remembers well the life of Gonzales in Belo Horizonte is the composer and poet Fernando Brant. "We went for a walk with the children in parks. Every Wednesday, we played ball in Cachoeirinha, "recalled Brant, who knew the composer at the time of music festivals in Rio de Janeiro in the late 1960s when they became friends.
"In his first coming to Belo Horizonte he was here at home, but later rented a property in Sion, then went to the Pampulha," says Brant.
The composer mining was never musical partner of Gonzales. He believes that the lack of a song made for four hands is due to some kind of "subtlety" of Gonzales, who may not have wanted that Brant stayed in trouble with their traditional partners. "He just recorded my part in the song" What happened to Vera "(" What was done friend / In everything we dreamed of / What happened to the life / What happened to Love "), which considers an honor. The composition is the result of Brant partnership with Milton Nascimento and Márcio Borges.
Twenty years later, Fernando Brant and other stores such fond memories of his old friend, but also many others who were also idols Brazilian case of Elis Regina. "Gonzales and Elis are my two big losses of the MPB," he records, which has the solution to ease the homesickness and go on living, always "arranging other great friends."
In the office that Gonzales was the composer, who lived in the house in Pampulha, which is no shortage of memories of his father, Luiz Gonzaga. Photos from the father and leather cowboy hats, and wore the "King of the Bay", are also exposed. In 2012 - the centenary of the birth of Gonzagão - is expected to launch the movie "Gonzaga", portraying the relationship between the two national names in music. Directed by Breno Silveira (the same as the movie "Two Sons of Francisco").
"This one he had constructed for me." Experiencing a typical Northeastern hats, Gonzales's widow, Margaret Louise Martins, Leleti displays the copy in pale leather, with feminine details and gold and a dedication to the clueless.
"My father came here a lot at home. He came to do a cataract surgery, to treat osteoporosis "in 1987 and 1988. "He was a man who lived on the street. I had to make him stay home for treatment. I was crazy, "he says laughing.
Leleti also says that after surgery, Luiz Gonzaga, with almost 80 years, "became a child" again. "He turned to me and said my daughter, you're much prettier than I thought. It was a long time no see. " He turned to his son, adding: "My son, you, who is the poet's house, if you have a problem like that, do this surgery. It is a whirlwind of color, "said Gonzagão, who died a year later.
In the same office, one of the memories that are not appealing to the very old musician is the photo of the mother of Gonzales, Odalis Guedes. "Jeez independent woman," recalls Leleti, sexist comments about one of the father. "I think he put some hurt in her death. He was a traditional northeastern and she a woman who lived and worked in Rio. "
Marian Gonzaga had less than ten years old when his grandfather and father died, but remembers well from living with both. "My father did not fight, he talked."
Moore treasures coming from the lessons that had long conversations with him, explaining what should and should not in this life.
Mariana is the subject of a song by Luiz Gonzaga. "I'm going to see Mariana / Marian smiling and dancing / playing in the Mariana life / I'm running over there / And I'm taking the accordion mode we sing / Hey, girl, pirritota, / Mariana, Mariana / Come here my sissy , get more love / Give a smelly smell here in your grandpa. "
"Pirritota" is an endearment used to call in the northeast girl. Mariana records that one of entertainment's grandfather when I was home for treatment in Belo Horizonte, was playing accordion for her "for hours" - "He came singing this song already in the door here at home," says Mariana.
Besides Mariana Gonzales had four more children: Daniel Gonzaga, a singer, Fernanda and a daughter with actress Sandra Pêra, actress Amora Pêra.
Leleti says that all children always gather in Belo Horizonte, with the exception of Sandro, who died in 2010. Through its production, said Daniel Gonzaga is negotiating for this year, a show in Belo Horizonte, to honor his father Gonzales.
On May 5, at the Teatro Gonzales, Rio de Janeiro, and on the 28th at the Teatro SESC de Brasilia, Daniel Gonzaga will remember the two shows for 20 years without his father.
Clara Becker celebrates Gonzaga
In the climate of reviving the memory of Gonzales and Gonzagão, singer Clara Becker, in his second album, "Two More Large" (Pirutinga Culture Village), pays tribute to father and son. Clara set up the show of the same name, with 19 songs, and recorded DVD is now in stores. The singer says that the two artists have in common the "Brazilianness".
"Gonzagão is one of the inventors of Brazilian popular music. As for Gonzales, Clare points out as a great composer, but with "greater taken to the Southeast of Brazil."
The result is the performance of the DVD where you can follow the dialogue between the works of two artists. "I never met the two musicians, only through music. In fact, I came to music through the work of his father's son. "
Clara Becker remembers well when Gonzales "bought" the "King of Baião" a kind of "musical exile." To celebrate this musical meeting, the duo recorded "A Traveler's Life" in 1979.
When the opportunity arose to burn the DVD, the singer chose the Coliseum Theatre in Santos. The theater says Clara, has a room named after her mother, actress Cassilda Becker. "These are the coincidences of fate."
The DVD has three extra. At first, Clara speaks of its history and importance of theater. The second, "Question of Faith" is a video clip recorded at the apartment where he lived with his mother Cacilda Becker.
The third, "Beautiful Lake of Love", participates Daniel Gonzaga, the third generation of musicians from Gonzaga. "I was very close to Daniel. When I heard that his daughter would be called Clare did not believe the name was chosen before we met. It was kind of endorsement of the target for this stage of the work out of the paper. "
source: http://www.almanaquealagoas.com.br/noticias/?vCod=1540Ouvir
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário